Desde 2006, temos o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM) no dia 30 de agosto, que foi instituído pela Lei nº 11.303/2006
Este mês passou a ser considerado um importante período para a conscientização em relação à doença e às privações dos seus portadores em todo o país, passando a ser chamado de Agosto Laranja.
Hoje, a Esclerose Múltipla é a doença neurológica que mais afeta jovens adultos no mundo, sendo na sua maioria mulheres.
A intenção da Campanha é chamar a atenção para esta doença que, mesmo rara, atinge uma média de 35 mil pessoas no Brasil e 2,5 milhões em todo o mundo, e ainda assim é desconhecida por cerca de 80% da população.
E hoje, vamos falar mais sobre a importância do Agosto Amarelo e a Esclerose Múltipla, como:
- O que é Esclerose Múltipla?
- Quais são os sintomas da Esclerose Múltipla?
- As Formas Clínicas da Esclerose Múltipla
- O que causa a Esclerose Múltipla?
- Como é feito o diagnóstico da Esclerose Múltipla?
- Esclerose Múltipla tem cura?
- A Importância da Visibilidade de Pacientes com Esclerose Múltipla
Uma boa leitura!
O que é Esclerose Múltipla?
É uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, atingindo desde o cérebro a medula espinhal.
Autoimune, pois as células de nosso corpo que são responsáveis pela defesa de nosso organismo passam a atacar as células nervosas, provocando lesões cerebrais e medulares.
Ela é classificada como uma doença desmielinizante, pois o principal alvo dos agentes que a causam é uma parte do neurônio chamada bainha de mielina.
Conforme as células nervosas sofrem essa ação do organismo, a transmissão das mensagens do cérebro para o resto do corpo fica impedida ou alterada.
Um fato curioso: apesar de ser uma doença que afeta o sistema nervoso, a esclerose múltipla não é um tipo de demência
Quais são os sintomas da Esclerose Múltipla?
Existem diversos sintomas associados à Esclerose Múltipla que podem estar associados a outras doenças, e isso deixa claro a importância de buscar ajuda médica para uma avaliação mais precisa.
Os principais sintomas são:
- Fadiga (fraqueza ou cansaço);
- Sensitivas: parestesias (dormências ou formigamentos); nevralgia do trigêmeo (dor ou queimação na face);
- Visuais: neurite óptica (visão borrada, mancha escura no centro da visão de um olho – escotoma – embaçamento ou perda visual), diplopia (visão dupla);
- Motoras: perda da força muscular, dificuldade para andar, espasmos e rigidez muscular (espasticidade);
- Ataxia: falta de coordenação dos movimentos ou para andar, tonturas e desequilíbrios;
- Esfincterianas: dificuldade de controle da bexiga (retenção ou perda de urina) ou intestino;
- Cognitivas: problemas de memória, de atenção, do processamento de informações (lentificação);
- Mentais: alterações de humor, depressão e ansiedade.
As Formas Clínicas da Esclerose Múltipla
Existem três formas clínicas da Esclerose Múltipla que vamos detalhar nas próximas linhas:
- remitente-recorrente (EMRR)
- secundária progressiva (EMSP)
- primária progressiva (EMPP)
A primeira forma de esclerose múltipla é conhecida como surto-remissão ou remitente-recorrente (EMRR) e atinge cerca de 85% dos pacientes diagnosticados.
Ela é caracterizada pela ocorrência dos surtos e melhora após o tratamento (ou espontaneamente), e costuma ocorrer nos primeiros anos da doença com recuperação completa e sem sequelas.
Os surtos duram dias ou semanas, e costumam se repetir uma vez por ano caso não inicie o tratamento adequado.
Em um prazo de 10 anos aproximadamente, metade desses pacientes evoluirá para a segunda forma da doença, conhecida como a secundariamente progressiva (EMSP).
Nesta etapa os pacientes não se recuperam mais plenamente dos surtos e acumulam sequelas.
Acabam, por exemplo, tendo perda visual definitiva ou maior dificuldade para andar, tornando necessário o auxílio para mobilidade ou locomoção, como apoio de bengala ou cadeira de rodas.
Nos 10% dos casos restantes ocorre a chamada forma progressiva primária (EMPP), quando há uma piora gradativa dos surtos.
Por fim, 5% dos pacientes apresentam a quarta forma da doença, mais rápida e agressiva, chamada progressiva com surtos (EMPS).
Nesta quarta forma estão combinados a progressão paralela do processo desmielinizante e comprometimento mais precoce das células nervosas.
O que causa a Esclerose Múltipla?
As causas da doença ainda são desconhecidas, e muito ainda se estuda sobre ela.
Alguns destes estudos indicam que pode haver relações entre genética, o ambiente em que a pessoa vive e até mesmo o vírus, como o da mononucleose e o do herpes.
Existem também algumas pesquisas que indicam que os hormônios, principalmente os sexuais, podem atingir e serem atingidos pelo sistema imunológico.
Mesmo as causas ainda sendo desconhecidas, o grupo de risco é bem estabelecido: mulheres têm mais propensão a desenvolver a esclerose múltipla, com uma taxa de proporção de 3 para 1.
Apesar de poder acontecer em qualquer fase da vida, a população mais atingida costuma ter entre 20 e 40 anos.
A esclerose múltipla atinge mais as populações europeias, do sul do Canadá, norte dos Estados Unidos, Nova Zelândia e sudeste da Austrália, mesmo não se sabendo ainda o porquê.
Por ainda ter causas desconhecidas, o diagnóstico precoce da doença se faz muito importante para o tratamento.
Como é feito o diagnóstico da Esclerose Múltipla?
Para o diagnóstico da esclerose múltipla são utilizados os Critérios de McDonald de 2017, que consideram vários aspectos clínicos e de imagem, associado a analise do líquor com a pesquisa de marcadores específicos.
A Ressonância Magnética de crânio e coluna (medula espinhal) é uma das principais ferramentas para o diagnóstico da doenças desmielinizantes do SNC, incluindo a esclerose múltipla.
O exame de coleta de líquor – LCR (líquido cefalorraquidiano), material extraído por uma punção na coluna lombar, também possui grande importância na confirmação do diagnóstico da doença.
A pesquisa da bandas oligoclonais (BOC) no líquor e sua interpretação é etapa importante na investigação diagnóstica da doenças desmielinizantes, e é também realizado pelo Senne Liquor Diagnóstico.
Existem também outros métodos, como a identificação de imunoglobulinas de cadeia leve (FREELITE®) e a cadeia de luz de neurofilamento para avaliar a progressão da doença.
Esclerose Múltipla tem cura?
Infelizmente a esclerose múltipla não tem cura, e uma pessoa diagnosticada com a doença precisa de tratamento a vida inteira.
No entanto, é possível trazer uma melhor qualidade de vida para o paciente quando a doença é diagnosticada precocemente.
Quanto mais cedo o tratamento é iniciado maior a chance de modificar o curso natural da doença em longo prazo, reduzindo o número de surtos clínicos, de lesões e de sequelas neurológicas.
Não há tratamentos que curem a doença como dito antes, mas existem recursos, como medicamentos, fisioterapias, entre outros que ajudam os portadores da doença a se manterem produtivos e confortáveis.
A Importância da Visibilidade de Pacientes com Esclerose Múltipla
Desde 2006 o Brasil celebra, no dia 30 de agosto, o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla.
A data foi resultado do esforço da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) para dar mais visibilidade à doença e seus impactos na vida das pessoas.
Por isso, o agosto laranja é considerado o mês de conscientizar os brasileiros sobre essa doença e a importância de sua prevenção.
Em 2017, o laranja foi adotado por indivíduos e organizações na maioria dos mais de 600 eventos do Dia Mundial da Esclerose Múltipla (promovido no dia 30 de maio), realizados em 96 países em todo o mundo.
De acordo com a AME – Amigos Múltiplos pela Esclerose, a esclerose múltipla (EM) é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal).
Hoje, mais de 2.300.000 pessoas em todo o mundo vivem com a doença.
Para as pessoas que são diagnosticadas com Esclerose Múltipla, e para quem convive com o paciente, receber e aceitar o diagnóstico é um passo importante.
A recomendação é buscar informações para ter uma vida com a maior qualidade possível.