Líquido cefalorraquidiano com manometria em caso de pseudotumor cerebral

O pseudotumor cerebral é uma síndrome que resulta do aumento da pressão intracraniana. 

Pode ser primário, quando nenhuma causa é identificada (recebendo o nome de Hipertensão Intracraniana Idiopática), ou secundário, quando decorre de causas definidas.  

A incidência anual é de 2 casos novos por ano para cada 100.000 habitantes. Além disso, os fatores de risco mais importantes são: sexo feminino, idade fértil e obesidade (em 94% dos pacientes). A história familiar positiva é encontrada em cerca de 5% dos casos. Veja outros fatores associados:  

  • Medicamentos: hormônio do crescimento, antibióticos (tetraciclinas), hipervitaminose A (uso de vitamina A e outros retinoides, como a isotretinoína, usada no tratamento da acne), retirada de corticoides, Lítio, Ácido nalidíxico e Nitrofurantoína.  
  • Doenças sistêmicas: doença de Addison, hipoparatiroidismo, anemia severa, apneia obstrutiva do sono, Lúpus, doença de Behçet, Síndrome do Ovário Policístico, trombofilias e uremia. 

A patogênese não é conhecida. Algumas hipóteses têm sido aventadas:  

  • Anormalidades no fluxo venoso (estenose de seios venosos);
  • Disfunção das granulações aracnoideas e da drenagem linfática;
  • Alteração do metabolismo da vitamina A;
  • Aumento de adiponectinas.  

O sintoma mais comum do pseudotumor cerebral é a cefaleia, presente em 84% a 92% dos casos, que pode apresentar-se com características semelhantes a cefaleias primárias. Outros sintomas incluem alterações visuais, que vão desde turvação transitória, flashes, alterações de campo de visão, como a perda da visão periférica, diplopia, até a perda visual. 

No exame clínico, os principais sinais que podem ser encontrados são o papiledema, a paralisia uni ou bilateral do nervo abducente, a perda de acuidade visual e o estreitamento do campo visual.  

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Além da história e do exame físico, o diagnóstico é fundamentado em exames complementares:  

Ressonância magnética do crânio.  

Os achados possíveis são:  

  • Achatamento posterior da esclera;
  • Aumento do espaço subaracnoide perióptico;
  • Sela turca vazia; 
  • Tortuosidade do nervo óptico;
  • Estenose do seio transverso; 

Punção lombar e exame do líquido cefalorraquidiano:  

O achado essencial é um aumento da pressão de abertura. Para que essa determinação seja feita de forma adequada, alguns pré-requisitos são necessários:  

  • O paciente deve estar deitado e relaxado. A punção em posição sentada pode gerar resultados falso-positivos. Ansiedade ou medicamentos sedativos também podem interferir na pressão de abertura.  
  • A pressão normal em adultos é de até 20 cm de H20. Em indivíduos obesos pode chegar a 25 cm de H2O. Em crianças com menos de 8 anos, o valor normal pode chegar a 28 cm de H2O.  
  • A análise do LCR, incluindo a citologia, bioquímica, reações imunológicas e biologia molecular, está normal e não indica outras etiologias. 

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O diagnóstico do pseudotumor cerebral é feito com base nos critérios abaixo:  

  1. Papiledema;
  2. Ausência de outras alterações no exame neurológico; 
  3. Ressonância magnética sem outras anormalidades além das acima citadas; 
  4. Composição do líquido cefalorraquidiano normal; 
  5. Aumento da pressão de abertura do líquido cefalorraquidiano; 
  6. Na ausência de papiledema, o diagnóstico pode ser confirmado quando há: 
    1. Paralisia do Nervo Abducente 
    2. Ao menos 3 anormalidades na ressonância, dentre as acima citadas 

O tratamento inclui:  

  • Perda de peso: pode reverter o quadro 
  • Medicamentos 
  • Inibidores da acetazolamida:  
    • Acetazolamida: é a droga de escolha, sendo usada na dose de 1,5 a 4 gramas por dia.  
    • Topiramato 
  • Diuréticos de alça:  
    • Furosemida: pode ser um tratamento associado à acetazolamida.  
  • Tratamento cirúrgico:  
  • Fenestração do nervo óptico  
  • Derivação ventrículo peritoneal 
  • Stent de seios venosos 

Diante das alternativas terapêuticas, o tratamento para o pseudotumor cerebral deve ser individualizado, de acordo com as características de cada paciente e sua resposta clínica e tolerância aos medicamentos.   

Veja aqui a relação completa de exames do Senne Liquor.

Bibliografia consultada: