Manifestações Neurológicas associadas a vírus respiratórios: Vírus Sincicial Respiratório e Influenza
Ao longo da pandemia de Covid-19, vários relatos de complicações neurológicas têm sido feitos. No entanto, essas complicações como resultado de infecções por outros vírus respiratórios têm sido descritas há bastante tempo.
Influenza
Complicações neurológicas pelo vírus influenza têm sido descritas desde os anos 1890. Descrições anátomo-patológicas revelaram hemorragias e trombose venosa em crianças e adolescentes que faleceram após comprometimento do sistema nervoso central (SNC), que se desenvolveu após uma síndrome gripal.
Problemas como Encefalopatia, Encefalopatia Aguda Necrotizante e crises epilépticas também podem ocorrer, especialmente em crianças com alguma doença prévia do SNC. Outras complicações incluem Neuropatia Periférica Inflamatória, AVC e Encefalopatia Posterior Reversível.
Em uma série de mais de 30 mil pacientes internados com influenza, cerca de um décimo teve algum tipo de sintomatologia neurológica. Um estudo mais recente estimou a taxa de complicações neurológicas da influenza em 7,7 casos para 100.000 crianças não epilépticas com influenza e 94,7 casos para 100.000 crianças previamente epilépticas com influenza.
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Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
Questões neurológicas, incluindo Encefalopatia, Encefalite, Meningite, Ataxia Cerebelar, crises epilépticas e edema cerebral foram descritas em crianças com formas graves de infecção por esse vírus.
A frequência dessas complicações não é conhecida, sendo provavelmente rara e mais frequentemente associada a formas graves de infecções respiratórias, mais comuns em crianças com comorbidades e prematuras.
Complicações
A presença de complicações respiratórias por algum desses vírus está associada a maior tempo de hospitalização, maior risco de internação em unidade de terapia intensiva (UTI) e maior frequência de sequelas neurológicas, com acometimento motor e cognitivo de longo prazo.
Um estudo recente mostrou uma taxa de 27% de risco de sequelas e 7% de óbitos em função de complicações neurológicas da infecção pelo VSR. O risco de problemas neurológicos decorrentes da influenza é potencialmente reduzido por meio da imunização ativa.
Mecanismos
Os mecanismos subjacentes às manifestações neurológicas nessas infecções não são totalmente claros. Não se sabe se esses vírus são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica, causando lesões diretamente no SNC.
O vírus influenza não foi até o momento identificado a partir de amostras do líquido cefalorraquidiano, enquanto vários relatos identificaram o VSR no mesmo material. É possível que a resposta imune à infecção e o processo inflamatório por ela desencadeado também contribuam para o desenvolvimento das manifestações respiratórias.
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Diagnóstico e líquido cefalorraquidiano
O diagnóstico das complicações neurológicas decorrentes dessas viroses é feito por meio do exame neurológico, de neuroimagem e EEG de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda e sintomatologia neurológica. Esses exames podem mostrar formas e graus variados de disfunção do SNC.
O exame do líquido cefalorraquidiano mostra alterações inespecíficas, como aumento da pressão de abertura e pleocitose, em geral linfomonocitária e hiperproteinorraquia. Alguns estudos identificaram também um aumento inespecífico de citocinas e interleucinas no material. Nos pacientes com manifestações neurológicas associadas à infecção pelo VSR, a PCR, em geral, é positiva.
Conclusões
Embora as complicações neurológicas da influenza e das infecções pelo VSR sejam raras, elas podem ser graves e causar sequelas neurológicas definitivas. A investigação, incluindo a realização do exame do líquido cefalorraquidiano, é importante, pois embora não haja tratamento específico para essas infecções, pode confirmar a infecção pelo VSR ou revelar outras etiologias potenciais, direcionando o tratamento.
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Bibliografia consultada
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