Meningite por enterovírus  

Inúmeros vírus podem causar meningite, incluindo os enterovirus, herpes simples, HIV, varicela-zoster, sarampo, entre outros. Os enterovírus são os mais comuns.  

A meningite por enterovirus pode ocorrer em todas as idades, mas é mais comumente observada em crianças com menos de um ano. Os enterovirus são responsáveis por mais de 90% dos casos de meningite em crianças e mais de 50% dos casos em adultos. 

Os enterovirus têm um comportamento sazonal, predominando na primavera e verão.  

Nas crianças, os sintomas mais comuns são febre e irritabilidade. Em crianças maiores e adultos os sintomas incluem febre, cefaleia, rigidez de nuca, náusea e vômitos. 

Sinais concomitantes de comprometimento do trato respiratório superior podem acontecer. Via de regra os pacientes com meningite por enterovirus recuperam-se rapidamente e sem sequelas. 

Em cerca de 5% dos casos de infecções do sistema nervoso central por enterovirus ocorre encefalite. Alguns sorotipos, como os coxsackevirus tipos A9, B2 e B5 e os echovirus 6 e 9 cursam mais frequentemente com encefalite. 

A encefalite ocorre mais frequentemente em crianças e adultos jovens, e o quadro clínico se assemelha ao de outras encefalites virais, com rebaixamento de consciência, convulsões, etc. Alguns enterovirus estão também associados a quadros de paralisia flácida aguda: poliovirus 1,2 e 3, enterovirus D68 e enterovirus A71.  

O diagnóstico é feito pelo exame do líquor que, em geral, apresenta-se claro ou opalescente, podendo haver ligeiro aumento da pressão de abertura. A pleocitose é geralmente inferior a 500 células/mm3, embora possa, em alguns casos, ultrapassar este valor. 

Na contagem diferencial, pode haver predomínio inicial de neutrófilos que, em geral, converte-se para um padrão linfomonocitário em até 18 horas. 

Na análise bioquímica há aumento leve do teor de proteínas, a glicose e o lactato encontram-se geralmente normais. Dentre todos os parâmetros da análise global do líquor, o lactato mostrou-se o que melhor distingue a meningite por enterovirus da meningite bacteriana. 

Em um estudo realizado pelo Senne Liquor Diagnóstico, o lactato acima de 30 mg/dl foi fortemente indicativo de etiologia bacteriana.  

O método de escolha para o diagnóstico etiológico é a PCR. O RNA do enterovirus pode ser identificado em LCR pela RT-PCR. A RT-PCR, além de ser mais sensível, é muito mais rápida que a cultura, que pode levar semanas para a obtenção de um resultado definitivo. 

A PCR para enterovirus pode ser realizada isoladamente em em conjunto com outros agentes, através de painéis/plataformas de real-time PCR. Dentre os painéis podemos citar o FilmArray Meningites/Encefalites, que avalia concomitantemente a presença de 6 bactérias, 7 vírus e um fungo. 

Outra plataforma é o BDMAX para meningites/encefalites virais, que avalia a presença de enterovirus, HSV-1 e 2, VZV, caxumba e parechovirus. 

As vantagens de utilização de uma plataforma são: 

  1. a) identificação rápida do agente, evitando tratamentos empíricos com antibióticos em casos de meningite viral;
  2. b) avaliação concomitante de vários agentes, cujas manifestações clínicas são bastante semelhantes;
  3. c) rápida confirmação ou exclusão de etiologia bacteriana, cujo tratamento requer hospitalização e uso prolongado de antibióticos.  

Portanto, a meningite por enterovírus é a forma mais comum de meningite, tendo sua prevalência aumentada na primavera e verão. O maior desafio na prática clínica é a distinção com as meningites bacterianas. 

A análise geral do LCR é de suma importância, em especial a determinação do lactato. A identificação do agente etiológico pela PCR é o método de escolha, sendo que a realização da PCR em uma plataforma traz grandes contribuições do ponto de vista clínico. 

O Senne Liquor Diagnóstico realiza punção lombar, análise do LCR, e todas as formas de PCR para enterovirus e outras meningites, incluindo plataformas como o FilmArray e o BDMAX.  

Bibliografia consultada:  

 

  • Huang C, Morse D, Slater B, Anand M, Tobin E, Smith P, Dupuis M, Hull R, Ferrera R, Rosen B, Grady L. Multiple-year experience in the diagnosis of viral central nervous system infections with a panel of polymerase chain reaction assays for detection of 11 viruses. Clin Infect Dis. 2004 Sep 1;39(5):630-5 
  • Domingues RB, Fernandes GBP, Leite FBVM, Senne C. Performance of lactate in discriminating bacterial meningitis from enteroviral meningitis. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2019 Apr 18;61:e24.  
  • Domingues RB, Santos MVD, Leite FBVM, Senne C. FilmArray Meningitis/Encephalitis (ME) panel in the diagnosis of bacterial meningitis. Braz J Infect Dis 2019;23(6):468-470.  
  • Domingues RB, Mendes-Corrêa MC, Brunale F, vega dos Santos M, Senne C. Evaluation of the utilization of FilmArray Meningitis/Encephalitis in children with suspected central nervous system infection: a retrospective case series. Ped Emerg Care (accepted for publication).