Considerado o segundo tipo de câncer que mais atinge crianças – as leucemias estão em primeiro lugar – os cânceres do Sistema Nervoso Central (SNC) afetam principalmente menores de 15 anos, com um pico aos 10 anos.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), estes representam cerca de 15% das neoplasias pediátricas, o equivalente a 1.400 crianças diagnosticadas por ano. Esses números o caracterizam como o mais frequente tumor sólido na faixa etária pediátrica.
O especialista em liquor e diretor-presidente do Senne Líquor Diagnóstico, Dr. Carlos Senne, diz que ainda não há uma explicação científica para a acentuada frequência do câncer no sistema nervoso central em crianças. “Se por um lado é impossível prever a entrada na linha de combate, por outro, a luta contra o câncer, como uma medida de aumento das chances de recuperação, deve começar o mais rápido possível. Para isso, o diagnóstico precoce é fundamental”, afirma Senne.
Aliado a isso, o exame do líquido cefalorraqueano (liquor) é indicado nos casos de suspeita de comprometimento neoplásico do SNC. Ele deve ser realizado quando os exames por imagem não mostram lesões características e permitem a punção lombar para a coleta do líquor sem risco de complicação pelo procedimento.
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“O encontro de células neoplásicas no exame citológico do líquido cefalorraqueano atesta o envolvimento de câncer no SNC. Em alguns casos, o exame é fundamental para decisão da conduta médica e também para comprovação da eficácia da terapia adotada”, atesta Senne.
É importante ressaltar que o câncer do sistema nervoso central não atinge somente o público infantil. De uma maneira geral, o risco diminui à medida que a idade avança até um segundo pico de incidência no final da fase adulta, entre a sétima e oitava décadas de vida. O especialista explica que, apesar de o melanoma (câncer de pele agressivo) ser o que mais invade o SNC, é comum que pacientes com câncer de pulmão, mama e próstata desenvolvam o comprometimento do Sistema Nervoso Central devido ao avanço da doença.
O fato de os primeiros sinais do câncer se assemelharem bastante a doenças comuns na infância torna o diagnóstico ainda mais difícil. Segundo Senne, as manifestações dependem da localização do tumor.
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Quando a lesão ocorre em áreas motoras ou sensitivas/sensoriais, os sintomas aparecem precocemente e estão relacionados à perda de força nos membros, desequilíbrio, turvação visual, formigamentos e déficits de sensibilidade localizada.
Mas quando ocorrem em áreas de pouca expressão clínica, os sinais são classificados como inespecíficos pelo médico e muitas vezes pelo próprio paciente. “Nesses casos, o progressivo aumento do volume da neoplasia originará progressivo aumento da pressão intracraniana, que ocasionará sintomas como cefaleia, náuseas, vômitos e letargia. Quando chega a essa situação, o diagnóstico já é tardio, muitas vezes com poucas opções terapêuticas”, explica Senne.