Marcadores de Encefalites Autoimunes e Paraneoplásicas

As Encefalites Paraneoplásicas e as Encefalites Autoimunes usualmente se apresentam com as seguintes características alterações comportamentais, cognitivas, autonômicas; convulsões, distúrbios de movimento ou coma.  

O diagnóstico é baseado nos seguintes critérios:  

  1.  Presença da síndrome clínica neurológica;   
  2.  Detecção de anticorpos específicos no soro e/ou no líquido cefalorraquidiano (liquor), pois podem estar negativos em um material e positivos no outro;   
  3.  Identificação da patologia tumoral de base, nos casos de síndromes paraneoplásicas.  

As principais Encefalites Paraneoplásicas são: 

1) Encefalite Límbica Paraneoplásica

Apresenta-se com alterações comportamentais e autonômicas, podendo estar associada a diferentes tipos de neoplasia. A mais comum é o carcinoma de pequenas células do pulmão, seguido por seminoma, timoma, Câncer de Mama e Linfoma de Hodgkin. Os anticorpos mais comuns são o  anti-Hu (ou anti-ANNA-1) e o anti-CV2/colapsina.  

2) Encefalite de tronco

Cursa com anormalidades clínicas e radiológicas de tronco encefálico. Pode estar relacionada ao carcinoma de pequenas células/anticorpos anti-Hu ou câncer de testículo/anti-Ma2.  

3) Encefalomielite

Geralmente estão associadas ao anticorpo anti-Hu e, com menor frequência, ao anti-CRMP-5. Pode estar ligado ao carcinoma pulmonar de pequenas células ou ao timoma.   

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As Encefalites Autoimunes mais comuns são:  

1) Encefalite anti-NMDA

É o tipo mais usual,  surgindo com maior frequência em mulheres e crianças. Apresenta-se com alterações neuropsiquiátricas severas, rebaixamento cognitivo, convulsões e discinesias. 

Pode estar ligada ao teratoma em 45% dos casos, especialmente em mulheres com mais de 18 anos. A ressonância pode ser normal. No líquido cefalorraquidiano há pleocitose e presença de aumento do índice de IgG e bandas oligoclonais.  

2) Encefalite anti-LGI1

É a mais frequente em idosos, com hiponatremia, mioclonias, crises convulsivas e distonia. Raramente associado a tumor (timoma). 

3) Encefalite anti-Caspr-2

Normalmente apresentando-se como Encefalite Límbica, às vezes associada à  neuromiotonia (Síndrome de Morvan). Afeta homens com mais de 65 anos, tendo um curso evolutivo lento. Normalmente não tem relação com  tumores. 

4) Encefalite anti-AMPA

Mais frequente em mulheres de meia-idade, sendo paraneoplásica em 70% dos casos (timo, pulmão e mama). Apresenta-se como uma Encefalite Límbica.     

5) Encefalite anti-GABA-A

Cursa como uma Encefalite rapidamente progressiva com crises convulsivas refratárias. Em 50% dos casos, está associada ao carcinoma pulmonar de pequenas células.  

6) Encefalite anti-GABA-B

Cursa com Encefalite Límbica, demência e convulsões refratárias. Está associada à neoplasia em 50% dos casos, podendo ser o carcinoma de pequenas células pulmonar ou tumores neuroendócrinos.  

7) Encefalite anti-IgLON5

 Correlacionada a transtornos do sono, anormalidades bulbares e disautonomia; seu quadro apresenta evolução bastante grave e alta mortalidade. Há alterações neuropatológicas no tronco e hipotálamo. 

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8) Encefalite anti-DPPX (soro; líquido cefalorraquidiano)

Curso rapidamente evolutivo, com manifestações gastrointestinais, e Encefalite grave com convulsões e tremor. Normalmente não tem relação com a  neoplasia de base. 

9) Encefalopatia anti-GlyR

Associada à Encefalite Límbica, convulsões e à Síndrome da Pessoa Rígida. Raramente tem ligação com tumores.  

10) Encefalite anti-mGluR5

Tem relação com a Encefalite Límbica e convulsões. Pode estar associada ao linfoma ou ao adenocarcinoma de pequenas células do pulmão.  

11) Encefalite anti-mGluR1

Cursa com ataxia, alterações cognitivas e convulsões. Geralmente não está  relacionada a tumores. 

12) Encefalite anti-neurexina 3-alfa

Cursa com Encefalite Límbica e discinesias.  Não há associação à neoplasias.  

Testagem dos anticorpos

A apresentação clínica das diferentes Encefalites Autoimunes e Paraneoplásicas é bastante sobreposta. 

Por isso, é recomendável realizar a testagem do painel completo, a menos que já se conheça uma neoplasia de base ou se trate de alguma situação específica, como encefalite límbica em crianças ou mulheres jovens, na qual pode ser direcionada a testagem do anti-NMDA.  

Outra recomendação importante é fazer a testagem simultânea no líquido cefalorraquidiano e no soro. Quando o resultado é positivo no soro e negativo no líquido cefalorraquidiano, deve-se considerar a possibilidade de falso-positivo.   

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Bibliografia consultada