Raquimanometria: fundamentos e técnica de avaliação

A raquinamomentria é um exame fundamental para o diagnóstico de diversas doenças. Entenda mais sobre o assunto.

Raquimanometria: fundamentos, importância e técnica de avaliação.

Produção e absorção do líquido cefalorraquidiano (liquor). 

O líquido cefalorraquidiano é produzido pelo plexo coróide dos ventrículos laterais (terceiro e quarto ventrículos). O material circula pelo espaço subaracnóideo entre a aracnoide e a pia-mater. Ele é formado por filtração e transporte ativo. 

Em adultos, o volume do liquor é de 125-150 ml; Desses,cerca de 20% se encontra nos ventrículos e o restante no espaço subaracnóide. Sua taxa de produção é de aproximadamente 20 ml/hora. O liquor é reabsorvido nas vilosidades aracnóides, localizadas ao longo dos seios venosos sagital e intracraniano superior e ao redor das raízes nervosas espinhais. 

Além desses mecanismos, vias perivasculares do parênquima e linfáticos meníngeos também podem contribuir para a depuração da substância.

Você também pode se interessar: segurança na realização da punção lombar.  

Manometria no líquido cefalorraquidiano

Em condições normais, a produção e absorção do líquido cefalorraquidiano permanecem em equilíbrio. A pressão de abertura normal em um indivíduo adulto, deitado em decúbito lateral e com as pernas fletidas, está entre 6 a 25 cm de H2O, embora alguns considerem o limite superior de 20 cm de H2O. Pacientes obesos tendem a apresentar uma pressão de abertura maior.  

Em crianças pequenas, a raquimanometria, sob sedação, varia conforme a idade:

  •  Até 1 mês: 10-14 mm de H2O;
  • De 1 a 24 meses: 20 a 70 mm de H20;
  • De 25 a 72 meses: 40 a 100 mm de H2O.   

Inúmeros fatores, como a posição do paciente, a habilidade do médico que realiza a punção e a manometria, além do grau de relaxamento do paciente, influenciam a pressão de abertura. 

Por isso, para garantir precisão à manometria, é necessário que o paciente esteja em decúbito lateral, calmo, e com as pernas fletidas.  

Hipertensão intracraniana e punção lombar (PL).

Antes da realização da punção lombar, é fundamental avaliar o risco de herniação de uncus ou de tonsila cerebelar. Para minimizar esse risco, a tomografia é recomendada antes da PL em serviços de urgência. 

Uma potencial exceção é nas suspeitas de meningite bacteriana, em que a realização de tomografia pode retardar o diagnóstico e a introdução de antibióticos. Nesses casos, pode-se proceder à PL sem exame tomográfico prévio, exceto nas seguintes condições:  

  • Redução do nível de consciência; 
  • Presença de papiledema; 
  • Presença de sinais neurológicos focais; 
  • Crise convulsiva recente; 
  • Pacientes com imunodepressão. 

Veja: Cancelamento de punção lombar em função do uso de anticoagulantes

Aumento da raquimanometria. 

As condições que resultam em aumento da pressão do liquor são inúmeras. Além do desequilíbrio entre sua produção e absorção, mecanismos compensatórios também são importantes. 

Assim, processos expansivos de crescimento lento, como abscessos ou tumores, podem ser compensados pela complacência intracraniana.  

Na ausência de processos expansivos ou quaisquer outras alterações na drenagem venosa cerebral, como uma trombose, o aumento da raquimanometria pode decorrer do pseudotumor cerebral. 

Redução da raquimanometria 

A hipotensão liquórica espontânea é uma condição em que a pressão de abertura do líquido cefalorraquidiano normalmente encontra-se entre 0 a 7 cm de H2O. É causada por algum tipo de vazamento, seja fissuras, fístulas ou divertículos meníngeos. 

Os sintomas incluem: cefaleia ortostática, meningismo, náuseas/vômitos, tinido, vertigem, visão turva, soluços, entre outros. Alterações do exame neurológico, como ataxia, paresia de membros, distúrbios de movimento e redução do nível de consciência podem ocorrer.  

Além do exame do líquido cefalorraquidiano, o diagnóstico se baseia em métodos de neuroimagem:  

  • Ressonância de crânio – mostra hipersinal meníngeo ou hematoma subdural; 
  • Ressonância de coluna – pode mostrar coleções extra-meníngeas, colapso do saco dural, ingurgitamento do plexo venoso ou divertículos meníngeos;,  
  • Cisternocintilografia radioisotópica – a ingestão do radioisótopo pela PL pode indicar o local de vazamento;  
  • Mielografia (por tomografia, ressonância ou digital) – são exames que também visam determinar o local de vazamento.   

A hipotensão liquórica espontânea é tratada por “blood patch”, cola epidural de fibrina, ou por reparo cirúrgico do local de vazamento.  

Acesse a  lista completa de exames do Senne Liquor. 

Bibliografia consultada: